Um ateu é um homem que não possui meios invisíveis de apoio.(H. E. Fosdick)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Ateismo - Parte V

Impedir que a religião opine sobre o funcionamento do estado não corresponde a um “ateísmo estatal”?

O princípio da separação entre a Igreja e o Estado diz apenas que o Estado não deve legislar assuntos concernentes à crença religiosa. Isso significa não apenas que o Estado não pode promover uma religião em detrimento de outra, mas que também não pode promover qualquer crença de natureza religiosa.

As religiões ainda podem opinar em assuntos puramente seculares. Por exemplo, religiosos foram historicamente responsáveis pelo encorajamento às reformas políticas. Mesmo hoje, muitas organizações que defendem um aumento nas verbas para ajudar países estrangeiros têm fundamento religioso. Desde que apenas tratem de assuntos seculares e não usem a religião como fator discriminatório, a maioria dos ateus sente-se satisfeita em ver que eles têm liberdade para professar suas crenças.



E as rezas nas escolas? Se não há Deus, por que você se importa com isso?

Porque pessoas que rezam também votam e são legisladoras; elas possuem uma tendência a fazer coisas que os que não rezam simplesmente não podem ignorar. Rezas cristãs em escolas são constrangedoras para os não-cristãos, mesmo se for dada a liberdade para não participarem.

A grande diversidade de crenças religiosas e não-religiosas implica a impossibilidade de formular uma reza que abarque toda essa variedade a ponto de tornar-la aceitável para todos indistintamente.

Esse é um motivo pelo qual nos EUA não é permitido que escolas públicas apóiem certos tipos de crença através de rezas religiosas. As crianças são, é claro, livres para rezar, se desejarem, em seu tempo vago; não há, neste caso, motivos para querer evitar que isso aconteça nas escolas.



Você mencionou a campanha cristã em favor da ajuda a países estrangeiros. E os ateus? Por que não há ateus visitando hospitais ou fazendo caridades? Eles são contra as caridades religiosas?

Há muitas caridades voluntárias e sem motivos religiosos que ateus fazem. Alguns contribuem para caridades religiosas também, pois no fim o que importa para eles é o bem que fazem. Outros até trabalham voluntariamente em movimentos que tiveram início por motivos religiosos.

A maioria dos ateus acha que conciliar sua descrença à sua caridade não é possível nem importante. Para eles o ateísmo é algo trivial e, de modo equivalente, também a caridade. Muitos acham que é baixo, para não dizer hipócrita, usar a caridade como uma desculpa para promover um conjunto de crenças religiosas.

Para ateus “passivos” construir um hospital e dedicá-lo à sua descrença em Deus é uma idéia muito estranha; seria como dar uma festa e dizer “hoje não é meu aniversário”. O ateísmo raramente é espalhafatoso.



Você disse que o ateísmo não é anti-religião. Ele não seria, talvez, uma resistência à formação educacional, uma espécie de rebeldia?

Talvez para alguns, mas muitas pessoas têm pais que não tentam incutir-lhes idéias sobre religião, e muitos desses pais denominam-se ateus.

Sem dúvida há os casos de religiosos que usam a crença como desculpa para lutar contra a difusão do ateísmo, mas apenas querem sentir-se “especiais”. Em contrapartida, muitas pessoas vêem a religião como um modo de estar em conformidade às expectativas dos outros.

No fim, não fica muito nítido se o ateísmo ou a religião são um subterfúgio ou conformismo; mas vale lembrar que, em geral, as pessoas têm a tendência a agir em grupo em vez de pensar independentemente.

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