Um ateu é um homem que não possui meios invisíveis de apoio.(H. E. Fosdick)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Ateísmo - Parte IV

Parece-me que nada vai convencê-lo da existência de Deus.

Uma definição precisa do significado do termo “Deus” e a apresentação de algumas provas contundentes e objetivas suportando tal teoria seria o suficiente para convencer muitos ateus.

A prova deve ser clara; evidências anedóticas baseadas em experiências religiosas de terceiros não são suficientes. Uma evidência consistente e objetiva é necessária porque afirmar a existência de Deus é uma alegação extraordinária e, deste modo, requer evidências extraordinárias para sustentar-se.



Você acha que tem uma justifica filosófica para o ateísmo, mas ela não equivale uma crença religiosa?

Um dos passatempos mais comuns na filosofia é o “jogo da redefinição”. A seguir está um exemplo da visão cínica desse jogo.

Uma pessoa A começa fazendo uma afirmação duvidosa. Quando a pessoa B mostra que aquilo não pode ser verdade, a pessoa A redefine gradualmente as palavras utilizadas na afirmação até chegar a algo que a pessoa B esteja preparada para aceitar. Ele então repete a afirmação para confirmar que a pessoa B está em concordância. O indivíduo A continua a argumentar tomando como pressuposto que os dois estão em acordo com a afirmação nova, mas A usa as definições antigas das palavras (que B não aceitou) em vez de as redefinições novas necessárias para convencer B. Apesar da inconsistência, B tende a dar-lhe razão.

O objetivo dessa digressão é responder que a questão “o ateísmo é uma crença religiosa?” depende diretamente do que a palavra “religião” significa. “Religião” é geralmente caracterizada por uma crença em uma força sobre-humana – especialmente algum tipo de Deus –, algum tipo de fé e adoração. Alguns tipos de budismo não podem ser considerados “religiões” tomando por base essa definição.

O ateísmo certamente não é uma crença em qualquer espécie de poder supra-humano e também não é caracterizado pela adoração em qualquer sentido relevante. Ampliar a definição de “religião” o suficiente para abarcar o ateísmo faria com que muitos outros aspectos do comportamento humano repentinamente se tornassem “religiosos” – como a ciência, política e a televisão.



Talvez não seja uma religião no sentido mais estrito da palavra, mas certamente a crença no ateísmo (ou ciência) é um ato de fé, como na religião.

Em primeiro lugar, não algo é muito claro se o ateísmo cético é algo em que se crê.

Em segundo, é preciso adotar um certo número de premissas para embasar as explicações de nossas experiências sensoriais. A maioria dos ateus adotará o mínimo de premissas possível; e até as poucas adotadas sempre estarão sujeitas à experimentação caso haja dúvida sobre sua veracidade.

A ciência tem um certo número de premissas. Por exemplo, é geralmente aceito que as leis da física são as mesmas para todos os observadores (ao menos para todos que estão no mesmo sistema inercial). Esses são os tipos de suposições que os ateus fazem. Se idéias básicas como essas podem ser denominadas “atos de fé”, então quase todo nosso conhecimento deve ser encarado como fé, e o termo acaba por perder seu sentido.

A palavra “fé” é mais comumente utilizada no sentido de completar algo em que se acredita. De acordo com tal definição, o ateísmo e a ciência certamente não podem ser classificados como “atos de fé”. É claro, indivíduos ateus ou cientistas podem vir a ser tão dogmáticos quanto os religiosos ao afirmarem que possuem “certeza absoluta” sobre algo. Entretanto, essa não é uma tendência muito comum. Alguns ateus se mostram relutantes até para afirmar que o Universo existe.

A fé também é usada para justificar crenças sem a necessidade de evidências ou provas. O ateísmo cético certamente não cabe nessa definição, pois não possui crenças. O ateísmo ativo está mais próximo disso, mas ainda não pode ser classificado como tal, já que até o ateu mais dogmático ainda apresenta a tendência de argumentar com base em dados experimentais (ou falta desses dados) quando estiver defendendo a inexistência de Deus.



Se o ateísmo não é uma religião, certamente é contra elas.

Uma infeliz tendência humana é rotular todos sem meio-termo, “a favor” ou “contra”, “amigo” ou “inimigo”; as coisas não são simples assim.

O ateísmo é uma posição que, logicamente, opõe-se ao teísmo; neste contexto pode ser denominado como “anti-religião”. Entretanto, quando os religiosos falam que ateus são essencialmente “anti-religião”, costumam deixar a impressão de que há uma espécie de antipatia ou ódio aos teístas.

Tachar os ateus como hostis à religião é relativamente injusto. As atitudes dos ateus em relação aos teístas cobrem um grande espectro.

A maioria dos ateus toma uma posição de “viva e deixe viver”. Se não forem questionados a respeito provavelmente nem chegam a mencionar suas opiniões, senão talvez a amigos íntimos. É possível que isso se deva, em parte, ao ateísmo não ser “socialmente aceitável” em muitos países.

Poucos são os ateus que se mostram efetivamente contra a religião, procurando até converter outros quando possível. Historicamente, tais grupos ateus e anti-religião tem tido pouca influência na sociedade, salvo nos países do Bloco ocidental.

Uma pequena digressão: A União Soviética dedicou-se, originalmente, à separação entre a Igreja e o Estado, assim como os EUA. Os cidadãos soviéticos eram legalmente livres para professar a crença que desejassem. A instituição do “ateísmo estatal” surgiu quando Stalin tomou o poder da União Soviética e tentou destruir todas as igrejas a fim de obter poder absoluto sobre a população.

Alguns ateus tornam-se bastante comunicativos em relação às suas crenças quando vêem a religião intrometer-se em assuntos que não lhe dizem respeito. Por exemplo, o governo dos EUA. Tais indivíduos costumam ser ativamente favoráveis à separação da Igreja e o Estado.

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