Um ateu é um homem que não possui meios invisíveis de apoio.(H. E. Fosdick)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

Depoimento de uma atéia

Achei este depoimento no site da ATEA


Depoimento de Vera Menezes

Tenho 60 anos de idade e sou ateia desde a adolescência. Apesar de ter sido criada em uma família de católicos não praticantes e de ter sido batizada e crismada, nunca consegui seguir ou acreditar muito nas histórias fantásticas desse deus (faço questão de escrever com letra maiúscula), pois para mim é uma mera fantasia. Acho a bíblia um texto interessante como mitologia narrativa. Minha pior experiência aconteceu quando perdi um filho. Há 30 anos meu filho de 2 anos foi atropelado e teve traumatismo craniano. Durante os 3 dias de agonia no Pronto-Socorro de Belo Horizonte, o que mais ouvi foram menções a santos e a deus. Teve gente que quis me forçar a ir à Capela do Hospital e eu recusei. Os parentes faziam promessas para os mais diversos santos, mas a criança acabou morrendo no dia em que comemoraríamos seu aniversário de 2 anos com uma grande festa. No velório, repetiram-se as falas de que deus sabia o que fazia, etc. O mais cruel partiu de uma grande amiga que me disse: "Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé". Respondi que se o Deus dela era capaz de matar um inocente para angariar adeptos, eu tinha mais um motivo para não acreditar nele.
Acho importante dizer que “não perdi a fé” porque meu filho morreu. A gente não perde o que não tem. Nada disso. Não me revoltei e acho que encarei tudo com muita serenidade. Tive um raciocínio cartesiano. Uma criança de dois anos não poderia ter atravessado a rua sozinha na frente de um ônibus em movimento. A pessoa que estava com ele se distraiu, ele atravessou a rua e foi atropelado. Tive muita pena de meus parentes próximos, cujos santos não conseguiram ajudar meu filho. Não conseguiram porque, assim como os deuses, são meras lendas. Essas pessoas estavam em estado pior do que o meu.

Houve outros episódios constrangedores. Uma vez meu carro foi roubado e meu pai fez uma promessa que me levaria a uma missa se meu carro aparecesse. O carro apareceu e como eu gostava muito dele, fui a tal missa, mas reclamei tanto que ele me disse que nunca mais faria isso.

No momento, ando cansada dos e-mails de amigos que insistem em me enviar mensagens religiosas por email, inclusive a tal amiga cruel. Eu nunca tentei convencê-los a serem ateus e gostaria de ser respeitada.

Fico impressionada com pessoas intelectualizadas que acreditam nessas lendas, mas nunca tentei convencer ninguém do contrário. Geralmente, não faço propaganda de meu ateísmo por não querer chocar as pessoas, mas ando tão cansada disso que resolvi comunicar meu ateísmo no meu blog http://veramenezes.blogspot.com/

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Manifesto da Associação Ateísta Portuguesa


Na sequência da legalização da Associação Ateísta Portuguesa, os outorgantes da respectiva escritura saúdam todos os livres-pensadores: ateus, agnósticos e cépticos, que dispensam qualquer deus para viverem e promoverem os valores da liberdade, do humanismo, da tolerância, da solidariedade e da paz.

Os ateus e ateias que integram a Associação Ateísta Portuguesa, ou a vierem a integrar, aceitam os princípios enunciados pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e respeitam a Constituição da República Portuguesa.

O objectivo da «Associação Ateísta Portuguesa» é mostrar o mérito do ateísmo enquanto premissa de uma filosofia ética e enquanto mundividência válida. Porque o ser humano é capaz de uma existência ética plena sem especular acerca do sobrenatural, e porque todas as evidências indicam que nenhum deus é real.

A Associação Ateísta Portuguesa defende também os interesses comuns a todos os que escolhem viver sem religião, defendendo o direito a essa escolha e a laicidade do Estado, e combatendo a discriminação e os preconceitos pessoais e sociais que possam desencorajar quem quiser libertar-se da religião que a sua tradição lhe impôs.

A criação da Associação Ateísta Portuguesa coincide com uma generalizada ofensiva clerical a que Portugal não ficou imune. Apesar de o ateísmo não se definir pela mera oposição à religião e ao dogmatismo, em nome da liberdade, da igualdade e da defesa dos direitos individuais a «Associação Ateísta Portuguesa» denuncia o proselitismo agressivo e a chantagem clerical sobre as sociedades democráticas. O direito de não ter religião, ou de ser contra, é igual ao direito inalienável de crer, deixar de crer ou mudar de crença, sem medos, perseguições ou constrangimentos.

O ateísmo é uma opção filosófica de quem se assume responsável pelos seus actos e pela sua forma de viver, de quem dá valor à sua vida e à dos outros, de quem cultiva a razão e confia no método científico para construir modelos da realidade, e de quem não remete as questões do bem e do mal para seres hipotéticos nem para a esperança de uma existência após a morte.

A Associação Ateísta Portuguesa representa todos os que optem por esta forma de viver e defende a sua liberdade de o fazer.